sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Energia das Ondas - Futuro do Sector joga-se nos próximos 2 anos


O contributo do cluster “Energia das Ondas” para o Sistema Eléctrico Nacional vai depender muito da evolução tecnológica do sector nos próximos 2 anos. António Falcão, citado pelo Edit on Web, refere que, até 2010, os principais desafios se colocam em 3 patamares distintos:

  1. “Conseguir extrair energia das ondas com um rendimento aceitável”
  2. “Simplificar os dispositivos tecnológicos e torná-los mais baratos”
  3. “Conseguir que esses dispositivos sobrevivam no mar, mesmo em condições atmosféricas adversas"

António Falcão menciona que “o atraso desta tecnologia, comparativamente à energia eólica é de cerca de 20 a 30 anos”, o que talvez se explique pela circunstância das tecnologias associadas às ondas ainda não terem convergido para uma tecnologia bem definida: nas eólicas a tecnologia avançou para o sistema de turbina de eixo horizontal, mas “nas ondas a tecnologia tem-se dispersado por diversas concepções, desde os sistemas costeiros aos offshore”. Enquanto para o vento se tem vindo a aperfeiçoar uma determinada tecnologia, nas ondas ainda se está a um nível de experimentação. É o caso, por exemplo, do sistema offshore - em comparação com outros sistemas (shoreline e near-shore) “este parece ser aquele com melhor futuro - contudo, a sua maior complexidade (amarração, acesso para manutenção e ligação eléctrica submarina) têm atrasado o seu desenvolvimento e só recentemente alguns sistemas atingiram a fase de protótipo em mar real”.

O Governo português criou, este ano, uma Zona Piloto de 25 Km2 a Norte de S. Pedro de Moel (Marinha Grande) que servirá para estudar a criação de mecanismos de licenciamento de projectos na área. Estabelecer tarifas de rentabilização de investimentos e desenvolver a componente científica do projecto serão resultados desta iniciativa.

Já em 2006, o Parque de Ondas da Aguçadora, na Póvoa de Varzim (projecto Okeanó), haviam sido investidos 8,5 milhões de Euros por iniciativa de um consórcio que juntou a ENERSIS aos escoceses da Ocean Power Delivery (apoio de 1,25 Milhões de Euros do PRIME). O Parque utiliza a tecnologia Pelamis, sendo constituído por três máquinas com uma potência de 750 KW cada e instaladas a 5 Km da Costa. Este Parque foi possível graças aos trabalhos desenvolvidos pelo European Marine Center que, em 2004, havia construído um protótipo à escala real dessa tecnologia, nas ilhas de Orkney, Escócia. Refira-se que o Porto de Peniche teve um papel neste processo ao ter possibilitado a montagem do equipamento ali utilizado (conforme atesta a foto em cima, retirada de um site local).

Face às metas estabelecidas pelo Governo Português para as ondas, muito do futuro do sector joga-se, como referido, nos próximos 2 anos e por via da evolução tecnológica. A criação de um Cluster industrial ligado à energia das ondas é claramente uma aposta nacional, prevendo-se, a partir dele, a criação de 7 mil novos postos de trabalho directos e o desenvolvimento de um mercado interno no valor de 5 mil milhões de Euros.

A corrida está lançada e há actores no terreno. Além da Zona Piloto de S. Pedro de Moel e dos investimentos Okeanó, está em curso o "Projecto Central de Energia de Ondas dos Molhes do Douro" o qual, como o nome indica, visa aproveitar um molhe do Estuário daquele rio para a instalação de uma central de energia.

Mais informação disponível no site do Centro da Energia das Ondas.

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