segunda-feira, 26 de maio de 2008

Iniciativa da Rede ECOS no Algarve



Geo-arquitectura juntou especialistas marroquinos e portugueses em Silves

«É possível conjugar tradição com a arquitectura moderna», garantiu, em Silves, José Alberto Alegria, arquitecto e cônsul de Marrocos no Algarve.
Este foi um dos temas em debate no seminário «A Geo-arquitectura como factor de diálogo intercultural: os exemplos de Silves e de Marrakech», que teve lugar nos dias 16 e 17, na Biblioteca Municipal de Silves.Integrado na rede Energia e Construção Sustentáveis (ECOS), o seminário teve como objectivo a análise, feita por peritos portugueses e marroquinos, da forma como a arquitectura pode ser um factor de diálogo intercultural e de aproximação dos dois povos.É necessário «valorizar e aproveitar o conhecimento deixado durante séculos pelos antepassados, valorizar uma herança comum, um património que está explicitado nas duas cidades», afirmou João Guerreiro, reitor da Universidade do Algarve e presidente da Associação Al-Moutamid Ibn Abbad, na sessão de abertura do encontro. A mesma opinião é partilhada por Marzak Mohamed, reitor da Universidade Cadi Ayyad, de Marrocos, que acrescentou que «o seminário permite debater os temas ligados à arquitectura, bem como ouvir os artistas e arquitectos e debater o uso da energia renovável nas construções».Também estiveram presentes os presidentes dos sete municípios que integram a rede ECOS, de modo a aproveitar o momento para trocar experiências e valorizar as potencialidades da rede. Até porque o projecto tem como grande objectivo a promoção de boas práticas no que toca ao desenvolvimento sustentável, sobretudo na utilização de energias renováveis e na aplicação de técnicas de construção mais amigas do ambiente.Para Isabel Soares, presidente da Câmara de Silves, a preservação do ambiente «é uma das problemáticas mais importantes do século XXI». Por isso, a edil de Silves acrescentou que a Câmara «irá recuperar o Moinho de Rodete, bem como colocar equipamentos de energia eólica em São Marcos da Serra». «Está previsto que a construção de uma urbanização em São Marcos da Serra tenha como base a geo-arquitectura», acrescentou.A geo-arquitectura, como explicou José Alberto Alegria, arquitecto e cônsul de Marrocos no Algarve, é a utilização de «materiais locais na construção. Esses materiais podem ser a madeira, a pedra, a terra». O arquitecto explicou ao «barlavento» que «não é muito difícil inserir as energias renováveis nas geo-construções, até porque, por exemplo, as estruturas das paredes deste tipo de construção já são feitas de forma a permitir «o aquecimento ou arrefecimento natural da casa». Em relação ao projecto ECOS, José Pós-de-Mina, presidente da Câmara de Moura, deixou ainda no ar a hipótese de, no futuro, a «rede ECOS ser alargada a outros municípios». Por enquanto, «os concelhos a integrar o projecto foram apenas sete e foram escolhidos por terem características semelhantes».Nos dois dias em que decorreu o encontro, os especialistas, portugueses e marroquinos, em arquitectura em terra (taipa e adobe), bem como em arte e história da arte, apresentaram as suas comunicações, reflectindo sobre as condições existentes, na actualidade, nos dois países, para promover um tipo de trabalho que, na antiguidade, era a mais importante forma de construir da Bacia Mediterrânica.A iniciativa, organizada pela Câmara de Silves, em parceria com as restantes autarquias que integram a rede ECOS, é uma primeira reunião de trabalho, já que todos os municípios do projecto terão a seu cargo a realização de encontros semelhantes, para discussão de temáticas distintas, todas elas relacionadas com energias alternativas (eólica, solar e ondas) e a construção sustentável.O que é a rede ECOS?A rede Energia e Construção Sustentáveis (ECOS) é um projecto levado a concurso nacional no âmbito da «Política de Cidades POLIS XXI - Redes Urbanas para a Competitividade e Inovação», que, de um conjunto de 26 propostas nacionais, acabou por se distinguir entre as cinco primeiras.O projecto, que conta com a participação de sete municípios portugueses (Beja, Moura, Óbidos, Peniche, Serpa, Silves e Torres Vedras), pretende colocar estas cidades no panorama internacional, através da criatividade e inovação.Os trabalhos a desenvolver e os resultados a atingir são, por isso, a gestão financeira e animação da rede, seminários e eventos técnicos, benchlearning e internacionalização, estabelecimento de parcerias público-privadas de contratualização de Investimentos e Criação de Postos de Trabalhos, bem como a elaboração do plano estratégico QREN 2007/2013 - projectos âncora para o aumento da Competitividade da Rede no cenário internacional.No entanto, a principal responsabilidade dos sete concelhos é dotar as suas cidades com construção sustentável, bem como divulgar e criar centros electroprodutores que promovam a utilização das energias renováveis.A Rede ECOS arrancou formalmente a 8 de Janeiro deste ano, na cidade de Moura, numa sessão onde participaram os responsáveis políticos dos sete concelhos.
22 de Maio de 2008 10:08ana sofia varela

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